Wednesday, March 2, 2011

Consciencia Nacional e Consciencia Cívica

Vivemos em mundo em que a dimensão nacional da história é evidente. O interesse do debate sobre a identidade nacional nos países europeus ocidentais não é um caso isolado. Tem paralelo nos debates na Rússia e demais países da Europa do Leste; nos EUA, incrementados desde a derrota americana no Vietnam; em sociedades multi-culturais como o Brasil e outros países Latino-Americanos, Africanos, Asiáticos; em movimentos de libertação nacionalistas. O exame de algumas tendências dos debates em curso sobre identidade nacional na Grã-Bretanha, França. Espanha, Alemanha, Itália, Aústria revelam uma consciência de nacionalidade muito diversa. A consciência do que é uma nação está condicionada pelo seu relacionamento com a modernização, a desfeudalização e surgimento de uma sociedade de classes; a industrialização e comercialização da economia, o estabelecimento de mercados supra-regionais, a integração de pequenas regiões em grandes unidades políticas, o desenvolvimento do estado através de burocracias e monopólios do poder fiscal e territorial. Desde a Idade Média, a nação integra todos estes processos.
A assimilação de populações na Grã-Bretanha é uma experiência formativa que se transferiu para a identidade nacional. La France éternelle é uma ideia política operacional partilhada pelos franceses e, em parte, pelos outros paises. A questão nacional da Espanha é da consciência de um sentido imperfeito de nacionalidade. A Alemanha é uma pátria difícil porque a organização da vida política dos alemães sempre foi um problema simultaneamente nacional e europeu. A identidade nacional em Itália sofre da tensão entre particularismos e de uma unificação política que precedeu a unidade social e cultural. A história de "sucesso" da segunda república austríaca pós-1945 permite revalorizar um passado rico de identidade.
Na Grã-Bretanha o debate sobre a identidade nacional é indicado pela multiplicidade de designações da nação-estado dos povos celtas e anglo-saxónicos das Ilhas Britânicas: Reino Unido, Grã-Bretanha, Inglaterra.
Uma boa parte da história remota das Ilhas Britânicas consistiu na ocupação por tribos germânicas do que é hoje a Inglaterra, seguida por um milénio de penetração nas regiões para Norte e Ocidente. Estas conquistas deixaram um rasto de diferenças sociais, políticas e económicas, entre populações celtas invadidas e conquistadores Anglo-Saxónicos. Por sua vez a assimilação das populações na realidade política da Grã-Bretanha, foi uma experiência formativa que se transferiu para a criação do império colonial britânico, empresa comum das "quatro nações".
Na actualidade permanecem muitas diferenças. No plano cultural, Gales, Escócia e Irlanda rejeitaram, até hoje, a Igreja Anglicana e mantêm o cultivo das línguas locais. No plano político, e na esteira da independência da Irlanda-Eire em 1921, mantém-se em aberto a possibilidade da divisão ou secessão do Ulster, defendida pelo IRA. No "País de Gales", a identidade tem falta de recursos para se afirmar. Na Escócia, a produção de petróleo no Mar do Norte desde 1975, criou uma base para o movimento independentista escocês que, no referendo sobre a " devolution" , de 1978, obteve 32,9% dos votos.
Não se prevê que as quatro nações do "Reino Unido" originem novos estados. O mundo já está suficientemente balcanizado para que isso suceda. E curiosamente, o problema nacional mais agudo é o da Inglaterra, não tanto pela presença de minorias étnica, mas por uma estrutura económico-social muito instável que ainda não se adaptou ao fim do império.
Por - Artur Victoria

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